O Fadista Madragoa

segunda-feira, abril 18, 2005

Pinto de Bosta



O futebol português está como o Papa - morto.

O futebol português foi finalmente pronunciado morto, pelo corpo clínico-judicial do "tribunal agora racionalizado a hospital face à crise que vivemos" de Gondomar.
Internado há já algum tempo, depois do grave acidente provocado por Valentim Loureiro, o futebol português faleceu devido a um choque hemorrágico fatal, causado por Pinto da Costa.

O estado de choque em Portugal, país que se dedicava neuróticamente ao culto do agora falecido, é de tal ordem que a população ainda se encontra em catatónia.
Mas não é só uma catatónia de alguém que perde tudo o que alguma vez teve, tudo sobre o qual falava, tudo sobre o qual sabia reproduzir opiniões. É uma catatónia que espelha também a vergonha. A vergonha de todos nós que tanta energia dedicámos a discutir apaixonadamente o futebol - uma farsa anunciada agora realizada. Já para não falar na catatónia que espelha a burrice. A burrice de todos nós que tanto tempo e dinheiro gastámos a ver futebol, fosse em casa, fosse no estádio.

É, de facto, inacreditável, que não haja, para já, reacção às notícias que confirmam as suspeitas, que sempre existiram, de que Pinto da Costa é um corruptor activo das instituições do futebol em Portugal. Este fenómeno de negação (no sentido psicológico) dos factos, não acontece só ao nível da comunicação social. Acontece também ao nível dos meus amigos. Todas as minhas tentativas de gerar algum debate, foram pura e simplesmente ignoradas. Ninguém quer falar nisto. Mas é compreensivel. As implicações são monstruosas. O futebol português que nós conhecemos não é um desporto, é uma farsa . Tudo se desmorona. Se o futebol morrer, de que é que este país vai falar?
O que é tremendamente divertido é a timidez demonstrada pela comunicação social em explorar o tema. A mesma comunicação social que violentou Carlos Cruz, retrai-se agora, no ataque a Pinto da Costa. Não, desenganem-se, a comunicação social não teve nenhum inesperado ataque de decência, prudência e elegância. A comunicação social não quer é matar a sua galinha dos ovos de ouro. Uma vez conhecida toda a verdade sobre o futebol português, o desencanto será tal que ninguém vai querer ler "A Bola", o "Record", ver os "Donos do Jogo", o "Domingo Desportivo". Lixo, mais lixo, vómito, mais vómito, todo construído sobre um monte de corrupção e falsidade.

E os jogadores de futebol? Ou pelo menos, e os jogadores de futebol sérios? Coitados dos jogadores de futebol sérios. Profissionais que, como eu, lutam pelo sucesso do seu empregador, veêm os seus méritos conspurcados pela vergonha do "arranjo". Tanta camisola suada em vão.
Coitados dos jogadores de futebol sérios. Em vez de artistas, meras marionetes nas mãos de homens reles. Nas mãos de homens de bigode, de homens com capangas, de homens que vão às putas, de homens que compram outros homens com broches de imigrantes ilegais. Que bonito que era o futebol português!
Que descanse em paz, amem.
Free Web Site Counter
Free Counter