O Fadista Madragoa

sexta-feira, maio 13, 2005

A crise da minha fé


Raphael - Crucifixion with Sts Mary Virgin, Mary Magdalen, John and Jerome
c. 1503



Bem, agora que já acordei, posso escrever algo um bocado mais sério.

É de facto curiosa a voracidade com que a comunicação social, os comentadores e o povo se atiram à Igreja Católica. É, de facto, presa fácil.
E porquê? Eu penso que tem a ver, acima de tudo, com os seguintes factores.

Concordo em absoluto, com o novo Papa, que a pureza doutrinal da Igreja Católica, é, realmente, crucial para o seu sucesso. Se a igreja não for consistente na sua doutrina, a fé começa a acinzentar-se. No entanto, a Igreja Católica (e quando me refiro a Igreja Católica, refiro-me aos seus mais altos responsáveis no Vaticano), ainda não percebeu que é um Estado Político inserido numa ordem política internacional. A pureza da doutrina tem que ser politicamente adequada (não mudada!) à realidade das nações e dos povos. Isso, hoje, não é feito com sucesso pelo Vaticano. Por isso é que coisas ideologicamente tão puras como o Cristianismo e o Comunismo são hoje ridicularizados pela generalidade das pessoas. Postos no mesmo saco. O saco dos dinossauros. O saco dos patetas. Que pena que assim seja.

Por outro lado, existem as causas pessoais. Entenda-se a fé religiosa de cada um. Eu, por exemplo. Não sendo católico, preocupo-me verdadeiramente com a Igreja Católica. Sou português, cresci exposto à fé e à Igreja Católica portuguesa. Tenho pena de ver que a Igreja, cada vez mais, não está a satisfazer as necessidades espirituais das pessoas (as minhas não está concerteza). Talvez esta frase nem esteja certa. Que a Igreja não está a conseguir guiar as suas ovelhas da forma que se tinha proposto. Que não consegue dar rumo às pessoas, num mundo cada vez mais incompreensível. Tenho realmente pena de não poder considerar a Igreja Católica como uma coisa "útil" ao mundo de hoje. E não me venham falar de caridade. Se a Igreja Católica quer ser útil pela vertente da caridade, então que mude de nome e negócio e se formalize como uma simples ONG.
O que as ovelhas exijem é um pastor. Como Jesus foi. Como todos os "fundadores de religiões" foram. Que patética é a forma como adoramos todos debater o preservativo e a problemática da pedofilía nas fileiras religiosas. Ad nauseum.

Apenas ovelhas a gritar pelo pastor. E é, de facto, um espectáculo comovente.

E hoje, a 13 de Maio, na Cova da Iria, que pelo menos alguns dos crentes se sintam verdadeiramente em paz. Que a Igreja Católica consiga atingir o seu objectivo e acarinhe uma mão cheia das suas preciosas ovelhas. Como deve.
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